
Que bom foi meu carnaval! Quando eu era pequena minha mãe me dizia que era pecado brincar o carnaval... Então fui crescendo com essa mentalidade de pecado e proibições; eu nunca tinha brincado o carnaval, a minha primeira vez foi em Salvador. Lógico que gostei, amei...
Não vi nada de pecado em pular, dançar e extravasar toda energia; isso faz muito bem para a serotonina, estava feliz por poder pular e não sentir dores nas pernas, por poder fazer o que tanta gente gostaria de fazer e não podem porque estão sem suas pernas ou algo parecido, conhecer uma cultura diferente, enfim, isso é muito bom e nos faz feliz!
Gostei de ter ido a Salvador, porque acabei com o medo de viajar e superei o pânico de ficar no meio da multidão, e que multidão!!! Me senti como se estivesse na terra que nasci. O povo da cidade fez sentir-me em casa, gente hospitaleira, simpática, muito educados e com uma visão de vida diferente! Preconceitos, não senti, pelo contrário, amei os negros, a raça, o povo; gente, como isso foi bom para o meu crescimento!
E voltei à minha cidade com o seguinte aprendizado: não sou tão pobre como pensei (rssssssss), moro em um lugar bom, prédio com elevador, piscina; e vi tanta gente pobre, tanta pobreza, falta de estrutura, gente subindo e descendo morros, muitas favelas, muitos contrastes; isso marcou muito, pois achava que só tinha isso no Rio (minha cidade natal). Nada disso, lá tem muitas favelas.
Mas o povo é feliz, dá pra ver isso no rosto daquela gente... O carnaval elitizado (camarotes, abadás) só os "ricos" tem acesso; os pobres pulam mesmo nas ruas, com os trios que passam, brincam, gritam, se agitam... Na minha concepção, eles curtem mais que os ricos, em seus camarotes luxuosos... Eles são os verdadeiros foliões, sendo observados pelos ricos, que ficam em camarotes lotados com outros ricos, disputando espaço para verem as bandas passarem (rssssssssssss)...
É uma questão de status, de aparecer uns para os outros e nada mais que isso... Porque em matéria de segurança, Salvador não deixou a desejar, com o seu policiamento nas ruas, na avenida do Farol da Barra, nas praças; onde o povo estava, lá estava a polícia. Isso foi de suma importancia, pela questão do turismo, uma questão pública, e sem ofender a classe menos favorecida, que na maioria das vezes não sabe se comportar em lugares assim... Algumas pessoas...
Agora eu acho que as grandes bandas poderiam proporcionar aos foliões de baixa renda a oportunidade de saírem em seus blocos, com abadás de suas bandas preferidas, coisa que só quem pode são os ricos, até porque tinhas abadás a custo absurdo de 300 dólares cada; o pobre jamais terá essa grana... Eles poderiam fazer um carnaval mais polular, já que estamos falando de SALVADOR, misturar o povo mesmo, sem excluí-los do meio que vivem; moram em uma casa, onde há uma festa que não podem entrar; isso não é justo! Fazer isso com um povo tão alegre, cheio de energia, é malvadeza, e preconceito dos cantores e empresários de trios. Vale ressaltar que eu vi nos blocos uma maioria de brancos, só pulam dentro da corda os brancos, os negros ficam do lado de fora, mas mesmo assim brincam sem perder seu sorisso!!!
Quem faz o Carnaval de Salvador é o povão!!! Que muito pouco é valorizado; são esquecidos nessa época, e dão os seus lugares aos turistas brancos, perdendo assim a oportunidade de vestirem seus abadás; porque quem não vai atrás do trio não é quem já morreu, é quem não tem dinheiro mesmo... É uma festa "polular", não é bem assim... Vivemos em um mundo cheio de ostentação. Foi isso que vi e não gostei muito, porque o baiano precisa ter vez, o povo baiano precisa saber que é amado e valorizado. Bandas famosas tinham maioria esmagadora de brancos... e isso me deixou indignada!
Me diverti muito, não por ser branca, mas porque estava em uma condição mais favoravel. Vi gente que nem tinha como tomar uma cervejinha, que custava 1 real a latinha; vi um cartaz na
avenida da Barra dizendo assim: criança não trabalha, criança brinca o carnaval. E logo abaixo do cartaz, lá estavam as crianças catando lixo em plena avenida. Como uma criança pode sair em um bloco infantil??? E, veja bem, lá em Salvador, no Carnaval, nada além dos camarotes e abadás é tão caro... Comida, cerveja, e outras coisas, a custo polular. E mesmo assim, um povo carente, muito carente, e um pouco fora da festa, que se diz tão popular.
avenida da Barra dizendo assim: criança não trabalha, criança brinca o carnaval. E logo abaixo do cartaz, lá estavam as crianças catando lixo em plena avenida. Como uma criança pode sair em um bloco infantil??? E, veja bem, lá em Salvador, no Carnaval, nada além dos camarotes e abadás é tão caro... Comida, cerveja, e outras coisas, a custo polular. E mesmo assim, um povo carente, muito carente, e um pouco fora da festa, que se diz tão popular. Amei o povo de Salvador. E os cantores das bandas gritam "Oh! meu povão de Salvador, eu amo vocês!", e o povão fora da corda, e os turistas dentro dela...