domingo, 10 de julho de 2011

Botas de couro.





Naturalmente fui perdendo a disposição pra ficar triste, mesmo que seja só de vez em quando, e  para pagar o preço por felicidades emprestadas, aquelas que, dura algumas horas e se vão ( reunião familiar),  Metaforicamente, lógico. o tempo passou para o meu coração, e ele ficou comodista, não tem mais encanto por flechas, foge delas com medo da picada. Uma hemorragia a essa altura da vida pode ser fatal.
Não  quero mais  ansiedade,  insegurança . Não quero mais borboletas no estômago, a náusea cantarolando; Não quero mais esse estado de graça que, ao menor temporal, nos deixa em petição de miséria existencial, por alguns instantes, e as vezes nos faz sentir-se viva.
Me nego  vagar pelo deserto, nada de comportar-me como uma sobrevivente, diante de grosserias e descasos, groseirias  do vento  batendo em minha janela, da porta que não para de bater, do son do vinho que insistentemente escuta
 alto. Mesmo assim não desejo  cobrar que o vento pare, que a porta não bata, e muito menos que o son do vinho tenha um botão de menos.. não vou  exigir o que quer que seja; o que vier terá de vir naturalmente como deve ser,o sol que bilha dinte da  janela..e o pássaro que visita minha sala..- Abro mão de dançar na chuva em pleno verão,. Desisto da insana sensação de amar para sempre, para sempre não existe'' 

Um motivo para se   manter o sorriso, já me é bastante.... quero  a clareza  nos gestos e a verdade com suas botas de couro... chega de pantufas de seda... Quero a embriaguez do vinho e os olhos fechados para as viagens mais longas; quero a certeza de que tenho os pés fixos , por isso não vou cair a qualquer momento. Chega de vertiginosas derrapagens. O que é aceitável  é um inevitável tropeço da minha parte.
Virei muitas páginas, rasguei outras tantas e recomecei um novo enredo.Vou me voltar para leitura, assim escreverei melhor...dizem quem ler muito escreve bem.  A alma protegida das tempestades e o corpo quase pronto para ser apenas um corpo.Pode morrer a poesia, não posso pedir que fique se já não tenho como alimentá-la. Só não quero perder a vontade de acordar todas as manhãs, nem a sensação de que a vida pode recomeçar a cada dia. A universidade me espera.


  

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